Imagem - South by Southwest 2017: Comunicação Interativa e Imperativa

Todo ano, o conceituado festival americano South by Southwest, possivelmente o maior do mundo quando se trata de comunicação, oferece uma olhadela no que há de mais atual em ciência, tecnologia e inovação, promovendo a oportunidade de se inteirar no bate-papo de suas três vertentes principais: música, cinema e, mais recentemente, interatividade. Neste ano a discussão girou muito fortemente ao redor da temática da vida social, tocando em questões referentes tanto à escala pessoal, privacidade e personalidade, quanto à escala publicitária, incitando a discussão de como conquistar a atenção do público de forma eficiente e interativa. E o principal: os CEOs da Granza estiveram lá em Austin, durante os 15 dias de evento, e acompanharam de pertinho tudo o que o SXSW ofereceu de interessante e de imperdível.

 

O festival, que cresceu de forma extremamente rápida nos últimos anos — chegando a levar dezenas de milhares de pessoas do mundo todo ao território americano, sobretudo as de nacionalidade brasileira e australiana —, projeta hoje um enfoque muito maior nas áreas de inovação em interatividade, um braço relativamente recente da estruturação do SXSW. Isto aponta para um possível reflexo também no perfil dos que buscam se inteirar do evento: diversidade e multidisciplinaridade são o foco deste ano, e estas duas áreas são o conectivo entre as diversas atrações que o evento proporciona.

 

No que tange à realidade do marketing brasileiro, o SXSW ofereceu poucas vertentes de atuação tecnológica, mas uma grande variedade dentro das presentes. Um destaque excepcional foi dado para uma das grandes vertentes tecnológicas, que acaba influenciando e inspirando as demais: a Inteligência Artificial, aí incluindo subtemas cruciais como computação cognitiva, automação de marketing, machine learning e outras variantes. Palestras como “The Future of Emotional Learning” e “This is Your Brain. This is Your Brain on Ads” colocaram em debate a influência da tecnologia, assim como a do indivíduo “virtualizado” na chamada Geração Virtual, que não apenas reage, mas que também participa de forma cada vez mais empenhada na construção de uma nova forma de se compreender a identidade pessoal, social e, também, profissional.

 

E como capturar a atenção destas novas mentes, como as novas tecnologias podem ajudar no marketing, na identificação e no entendimento do comportamento desse “novo” tipo de consumidor? Palestras como “Advertising for Good. What is it Good for?” e “15.000 Years of Old Marketing: Why it Works” buscam novos olhares sobre as formas possíveis de marketing que acompanham o nível cada vez maior de interatividade dos internautas. Os visitantes encontram palestras sobre robótica, aparatos VR/AR (interação entre realidade virtual e realidade aumentada), wearable computing (aparelhos físicos que têm tendência a se transformarem em pontos de influência de marketing), concepções 3D, e outra infinidade de temas que advém da “ciência pura”, ou seja, de um material essencialmente tecnológico, mas que ao mesmo tempo indica se tornar cada vez mais parte do cotidiano pessoal e interpessoal e, consequentemente, da comunicação social.

 

Uma outra questão levantada foi a observação das transformações sociais das últimas décadas, e a forma como estas influenciam a comunicação do marketing. A palestra “Our Return on Inclusion” ressaltou, entre outros temas, a inclusão e a igualdade de gênero no ambiente do marketing tecnológico, levantando a seguinte questão: como pode uma mulher atuar enquanto agente de transformação no mundo da tecnologia? A principal resposta frente à esta pergunta foi surpreendente: seja você mesma, aponte os problemas que enxergar, e não se desculpe por isso. Numa posição diferenciada, o enfoque publicitário teve também de evoluir de perspectiva para abranger as gerações mais novas e mais politicamente ativas. A grande questão aqui é gerenciar os valores mais importantes para o público consumidor, que pautam suas escolhas num aspecto mais altruísta e politicamente engajado. Da mesma forma em que o peso do conteúdo sofre uma tendência à diminuição nas peças publicitárias, o uso e os desdobramentos do storytelling ganham cada vez mais espaço na comunicação que se estabelece entre as marcas e seus consumidores.

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